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sábado, 26 de maio de 2012

Monika e o Desejo - Um filme de Ingmar Bergman


O filme, Monika e o Desejo (Sommaren med Monika, 1953), do diretor sueco Ingmar Bergman, trás no seu elenco principal: Harriet Andersson no papel de Monika Eriksson e Lars Ekborg como Harry. O filme conta a história de uma paixão entre dois adolescente: Monika, 17 anos, trabalha em uma quitanda e Harry, 19 anos, trabalha na Forsberg - uma loja de utensílios domésticos. Tudo começa com um diálogo no café e, em seguida, decidem juntos verem um filme à noite no cinema. Ao término trocam as primeiras carícias e aos poucos vão selando uma forte amizade. No dia seguinte Harry a convida para ir a sua casa e aproveitarem a ausência do seu pai que está no clube náutico em
um jantar organizado pelos amigos antes do encontro anual. Monika surpresa com o convite não o rejeita e, logo, cede aos interesses de Harry. No entanto, com a chegada inesperada do seu pai, não puderam dar continuidade as suas paixões. Constrangidos temem em ficar por mais algum tempo. Harry resolve, então, deixá-la em casa. Passado o susto, Monika já no trabalho segue sendo assediada por seus colegas de profissão e por um antigo namorado que a convida para um novo encontro. Disposta a não se entregar aos caprichos de seu ex-namorado é duramente por ele humilhada. Em casa, Monika, vive um outra espécie de tormenta: a relação conturba com o seu pai alcoólatra e a extrema miséria que a família vive. Revoltada resolve sair de casa a procura de Harry após haver sido agredida pelo seu próprio pai. Disposto a não deixá-la na rua, Harry a conduz ao barco de seu pai onde passam a noite. Pela manhã, ao retornar ao trabalho, pede demissão e parte com Monika em rumo a uma viagem de barco pelas ilhas de Estocolmo durante a época do verão. Juntos e mais isolados do que nunca, passam a maior parte do tempo mergulhados em suas fantasias e arroubos juvenis. Jovens e fortes veem no prazer, no desejo, na fantasia e na paixão uma espécie de vertigem da eternidade. A paisagem, o clima, o mar e toda a áurea de prazer que paira sobre o casal se configura como a representação
da mais pura beleza estética. A sensualidade vivida é sutilmente apresentada, por Bergman, em pequenas doses. Em um outro momento, o casal, passam a fazer planos para um futuro bem próximo. Harry deseja voltar a estudar e, logo, se tornar um engenheiro. Monika aproveita o instante para anunciar a sua gestação. Harry surpreso com que acaba de ouvir e mais apaixonado por saber, agora, que seria pai, ele diz: "Monika... você e eu faremos algo na vida. Só vamos gostar um do outro. Vou estudar e trabalhar para que possamos nos casar e viver numa casa boa e ter coisas boas, nós e o bebê. (...) Teremos tudo juntos, vamos ficar juntos". No entanto, os problemas decorrente a gravidez, a escassez de comida, vestimentas e outros fatores
importantes para subsistência estavam chegando ao fim. Com a falta de alimentação, Monika passa a reclamar com mais assiduidade e as mudanças repentinas de humor vão ficando bem mais acentuadas até que, então, resolvem voltar a Estocolmo e oficializar o casamento. Já casados não demorou muito para que a criança nascesse. Jovens e inexperientes começam a viver a vida a dois e as dificuldades provenientes do casamento vão ganhando mais terreno. Monika já mostra indicio de insatisfação e as brigas começam a ganhar espaço. Acostumada a viver a seu bel-prazer, ela aproveita a ausência de seu marido para se divertir a noite. Harry ao chegar do trabalho e não vê-la em casa é, logo, envolvido por tristeza profunda e uma sensação de inoperância. Com o casamento à beira da falência não
faltava mais nada para decretar o seu fim. E após uma grande discussão seguida de violência física, Monika os abandona. Agora a dor da perda e a solidão do vazio da ausência de Monika reaparece como lembranças vividas em um passado remoto na memória de Harry. Bergman, o diretor, brilhantemente nos conduz ao universo paradoxal do amor enxertado na vida de Harry e Monika. Bastante atual, Monika e o Desejo, o filme, trata de assuntos pertinentes as paixões juvenis, a sexualidade, a moral, a gravidez na adolescência, as fantasias, o romantismo, as crises e o abandono. Bergman mostra a beleza que há na autonomia dos indivíduos e da importância de suas próprias escolhas. No entanto, fala, também, de como tais escolhas podem eregir muros, talvez, intrasponíveis se não forem bem executadas. Bergman exalta, aqui, a questão da liberdade e da responsabilidade que temos em cada um de nossa escolhas. Portanto, saber viver com responsabilidade é, ainda, um boa ideia para amenizar as nossas dores. Um belo filme. Um belo Clássico. Até a próxima...

Veja, também:
Ingmar Bergman (1918-2007)
Crise (1946)
Porto (1948)
Sede de Paixões (1949)
Rumo à Felicidade (1950)
Juventude (1951)
Noites de Circo (1953)
Sorrisos de Uma Noite de Amor (1955)
O Sétimo Selo (1956)
Morangos Silvestres (1957)
A Fonte da Donzela (1959)
O Olho do Diabo (1960)
Através de Um Espelho (1961)
Luz de Inverno (1962)
O Silêncio (1963)
Persona (1966)
A Hora do Lobo (1968)
Vergonha (1968)

Monika e o Desejo (1953) - Trailer Oficial

5 comentários:

  1. Oi, Maxell :) Eu passei uns dias sem aparecer por aqui e, qdo volto, dou de cara com esse excelente post!
    Fiquei MUITO interessada nesse filme. Deu vontade de assistir agora mesmo.
    Esse tema, embora seja atual e muito evidenciado, me pareceu ser mostrado de maneira sutil e diferenciada por Bergman.
    Realmente, essa questão da fantasia, do amor eterno (que me lembrou aqui "Romeu e Julieta"), tem um impacto bem diferente na realidade. É preciso ponderar as escolhas e considerar os dois lados da moeda. Ótima análise.
    Vou conferir! :D

    Bjs ;)

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  2. Maxell, quanto tempo não passo por aqui!!
    Esse filme parece muito bom, vou conferir!!!

    Pelo que li na resenha, o filme mesmo sendo antigo mostra uma realidade entre duas pessoas, que a vida não é um mar de rosas...

    Gostei do post!
    Parabéns!

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  3. Como bem falou a Ana leonina: lembra muito "Romeu e Julieta" um tema que se repete em todas as gerações, as arrebatadoras paixões juvenis, quem já não passou por isso na vida!?
    Obrigada pela dica em conmo encontrar os filmes antigos, amanhã cedo vou lá
    Grata por tudo, linda semana cheia de luz pra ti!
    bjs
    Ana

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  4. Um filme bastante jovial de Bergman, mas não cheguei a gostar tanto quanto imaginei. Achei que o desejo de Monika seria mais visceral ou dilacerador.

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  5. Oi, Ana. Este é um dos belos filmes de Bergman. A ideia do amor preferencial é ,aqui, bem claro. Os estágios do amor é, também, aqui evidenciados. Drama,amor e ódio. Tem tudo isso, aqui. Espero que goste, um abraço, Ana...
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    Oi, Rô. É sempre um prazer tê-la, aqui. Esse é dos mais românticos de Bergman. Acredito que você irá gostar. Um abraço, RÔ...
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    Oi, Ana Coeli. Esse filme tem toda essa áurea de paixão. É bom de vê-lo. É prazer pode ajudá-la em, Ana Coeli. Um abraço...
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    Oi, Gilberto. Penso que Bergman já foi bem além ao falar de uma jovem de 17 anos, em uma Europa tradicional, religiosa e moralista. A cena de nudez de Monika já foi, naquela época, um avanço. Bergman foi duramente criticado pelo teor de filme. Será porque ele desmascarou a sociedade puritana sueca? Olhando por esse prisma, a jovem Monika está bem além do seu tempo. Estamos falado, aqui, da década de 50. Já pensou? No mais um abraço, Gilberto. É sempre um prazer tê-lo com seus ricos comentários. Até...

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