Sede de Paixões (Törst, 1949), o filme, do diretor sueco Ingmar Bergman e roteiro de Birgit Tengroth, trás em seu elenco principal Eva Henning como Ruth, uma jovem de 20 anos, bailarina, sonhadora e indiferente a qualquer tipo de convenção moral, Birger Malmsten (Bertil) e, por último, Birgit Tengroth no papel de Viola. O filme compõe um todo de quatro histórias fragmentadas que em dado momento se entrelaçam formando uma espécie de amálgama entre os seu personagens revelando, assim, as suas dores e aflições existenciais. No início do filme já se vê uma amostra sutil do emaranhado de tensões que circundaram por toda a história. A imagem inicial de um redemoinho, concomitantemente, com o aparecimento dos nomes dos atores nos dá a impressão que serão tragados por ele. A história começa com as rememorações da jovem Ruth em um quarto de hotel acompanhada de sua atual paixão - Bertil. Ruth passa a reviver os momentos vividos com o tenente Raoul (Bengt Eklund), um homem casado com Astrid (Gaby Stenberg), e que mais tarde se tornará um estorvo em sua vida. O anúncio da gravidez, o desprezo de Raoul pelo não reconhecimento do filho, o aborto que a deixou estéril e, conseqüentemente, o fim do relacionamento caíram como um cataclismo em sua vida afogando todas as suas esperanças no amor e na maternidade. Ruth, agora em um outro plano, ao lado de Bertil fazem uma viagem de trem pela Europa já marcada pela dores da guerra. No caminho reencontram Raoul e sua esposa e, logo, veem a tona todas as más lembranças que os aterrorizam. O terror estavam, também, em um outro patamar, ainda, mais tétrico: as pessoas vítimas da guerra. As marcas da Segunda Grande Guerra estavam estampadas nas faces massacradas das pobres pessoas ali presentes. A cena é dolorosa: o trem por um momento para. Na janela um multidão de pessoas (crianças, jovens e idosos) se aglomeravam em frente à janela do vagão na esperança de ganhar um pedaço de pão. A viagem segue e com ela, também, a angústia do casal que não parava de crescer. As desavenças, intrigas, ciúmes, ódio e paixão eclodem a cada fala e a cada instante. O medo e a incerteza do futuro estão presentes. O amor que ora se confunde com sofrimento está claro na fala de Ruth quando diz: "Eu nunca vou lhe abandonar. Estamos ligados, como prisioneiros acorrentados". Enquanto isso, em um outro momento, uma viúva, a Sra.Viola Garelli (Birgit Tengroth), que sofre pela morte do marido passa a frequentar sessões de análises em busca de amenizar seus sofrimentos. No entanto, mais interessado nela estava o Dr. Rosengren (Hasse Ekman) do que a possibilidade de ajudá-la em meio tratamento psicológico. Disposta a não mais freqüentar o consultório do Dr. Rosengren ela reencontra Valborg (Mimi Nelson) uma amiga dos tempos de colégio que, prontamente, a convida para conhecer seu apartamento no intuito de seduzi-la. Valborg, bailarina nos tempos de colégio, era amiga, também, de Ruth. Os anos, a vida e guerra as separaram. Restando, apenas, a nostálgica ideia de liberdade. O diretor, Ingmar Bergman, neste filme, Sede de Paixões, trata de temas de natureza complexa. Questões como a liberdade, a moral, a ética, a sexualidade, o amor, a paixão, ódio, a vida e a morte são amplamente explorados no corpus do filme. Outro aspecto a destacar é a presença da linguagem mitológica. O mito de Aretusa aparece na fala de Bertil e Ruth, ressaltando a ideia da dor e do desespero engendrado pelo amor em virtude do objeto da paixão que em dado momento se revela, e a imagem das Três Graças que parece representar cada uma ao seu modo as personagens - Ruth, Valborg e Viola - mas pela graciosidade do que pelo caráter em uma das tomada da película, estrategicamente, posta entre Valborg e Viola. Repleto de experiências traumáticas e dolorosas, Sede de Paixões, trás a tona todas as facetas da natureza humana e, com isso, revela, assim, toda nossa nudez. Um excelente filme para refletir sobre as nossas convenções morais, liberdade, sexualidade e, por fim, o amor. Espero que gostem e tenha um bom filme. Até a próxima postagem.
Veja, também:
Ingmar Bergman (1918-2007)
Crise (1946)
Porto (1948)
Rumo à Felicidade (1950)
Juventude (1951)
Noites de Circo (1953)
Monika e o Desejo (1953)
Sorrisos de Uma Noite de Amor (1955)
O Sétimo Selo (1956)
Morangos Silvestres (1957)
A Fonte da Donzela (1959)
O Olho do Diabo (1960)
Através de Um Espelho (1961)
Luz de Inverno (1962)
O Silêncio (1963)
Persona (1966)
A Hora do Lobo (1968)
Vergonha (1968)
Veja, também:
Ingmar Bergman (1918-2007)
Crise (1946)
Porto (1948)
Rumo à Felicidade (1950)
Juventude (1951)
Noites de Circo (1953)
Monika e o Desejo (1953)
Sorrisos de Uma Noite de Amor (1955)
O Sétimo Selo (1956)
Morangos Silvestres (1957)
A Fonte da Donzela (1959)
O Olho do Diabo (1960)
Através de Um Espelho (1961)
Luz de Inverno (1962)
O Silêncio (1963)
Persona (1966)
A Hora do Lobo (1968)
Vergonha (1968)
Sede de Paixões - (1949)
Oi, Maxwell! :)
ResponderExcluirFaz um tempinho que não apareço por aqui, mas não foi por falta de vontade. É que eu estava fazendo prova. Férias chegando! \o/
Eu gostei da proposta de "Sede de Paixões". Essa mistura de conflitos psicológicos, amor conturbado e, para piorar, as marcas da 2ª Guerra Mundial, fazem desse filme algo profundo e crítico.
Está na lista!
Bjs ;)
Mais um Bergman que eu não vi. Cineasta de filmografia extensa é isso, fica difícil ver tudo. Vou procurar corrigir a falha. Até a próxima, amigo"
ResponderExcluirOla Maxwell,Fiquei feliz com tua visitinha.Este filme não vi,mas pelo teu excelente texto da para ver que é um filme muito bom,portanto já esta na lista dos que merecem serem vistos.Foi uma ótima dica.Grande abraço.
ResponderExcluirMaxwell obrigado pela visita lá no meu blog.
ResponderExcluirGostei muito do seu blog e também estudei o mito da caverna na faculdade, eu tento levar isso como filosofia de vida. Mesmo às vezes sendo difícil.
Oi,Ana. Você é sempre bem-vinda, aqui. A proposta deste filme é, realmente, excelente. Espero que goste. Um abraço...
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Oi, Fábio. Bergman tem uma extensa filmografia. Comentá-lo, aqui, está sendo um prazer. Um abraço...
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Olá, Suzane. É sempre bom vê-la nestas bandas. Esse é belo filme para apreciar. Até...
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Olá, amiga. Você, também, é bem-vinda,aqui. Um abraço...
Aí está mais um filme do Bergman que ainda não tive tempo de assistir. E tratando-se de Bergman, é quase que obrigatório. Seu texto, como de costume, me faz querer conhecer ainda mais o brilhante trabalho deste diretor (que é um dos meus preferidos) Obrigada por mais essa sugestão.
ResponderExcluir*Será que verei Gritos e Sussurros por aqui? Estou ansiosa por este post HAHAHA
Em relação aos filmes que comprou, assim que assistir, me fale sobre eles! Fiquei de assistir O Palhaço, mas nunca sobre tempo, infelizmente.
E quando puder, assista Sétimo Céu, tenho certeza que vai gostar!
Até Maxwell!
Fiquei meio órfão dos filmes de Bergman, depois que removeram o blog SETIMO PROJETOR, que era onde eu baixava os filmes dele. Tenho que encontrar outro. Sede de paixões por exemplo ainda não vi...
ResponderExcluirOlá, Rubi. Fico muito feliz com a sua presença, aqui, neste espaço. Obrigado pelas palavras. Você como de costume sempre muito gentil. A respeito de outros títulos de Bergman, Rubi, teremos sim boas surpresas, aqui. "Gritos e Sussurros" não ficará de fora, é claro. E aos demais quando vê-los irei sim comentá-los. Um abraço...
ResponderExcluir**********************************
Olá, Gilberto. Este é muito bem. Tenho certeza que você irá gostar. Um abraço, irmão...